Com o ouro atingindo outro patamar próximo a US$ 4.186, após uma boa recuperação em relação à marca de US$ 3.900 alcançada no início deste mês, o JP Morgan Private prevê que o rápido aumento nos preços do ouro provavelmente elevará os preços acima de US$ 5.000 por onça no próximo ano, impulsionado principalmente pelas compras dos bancos centrais das economias em desenvolvimento.

O banco acredita que, até o final de 2026, os preços possam alcançar entre $5.200 e $5.300. As compras dos bancos centrais tornaram-se um dos principais motores da alta do ouro neste ano, à medida que formuladores de políticas buscam proteger valor e diversificar reservas. Os preços atingiram máximas históricas acima de $4.380 em outubro, antes de recuarem nas últimas semanas. Ainda assim, desde o início do ano, o metal precioso acumula alta superior a 50%.

O JPMorgan observa, porém, que a participação do metal porto seguro nas reservas internacionais de muitos bancos centrais — especialmente nos mercados emergentes — ainda é relativamente baixa. Embora o ritmo de compras possa desacelerar devido aos preços elevados, a demanda estrutural deve permanecer firme.

Apesar da perspectiva otimista, alguns riscos importantes persistem. Primeiro, um fortalecimento do dólar americano, impulsionado pela política mais restritiva do Federal Reserve, pode limitar a valorização do ouro, dada a correlação inversa tradicional entre ambos. Segundo, uma queda inesperada na inflação global poderia reduzir o apelo do metal como proteção contra pressões inflacionárias.

No fim das contas, atingir a marca de $5.000 por onça dependerá de uma combinação de fatores: condições macroeconômicas globais, riscos geopolíticos e as ações dos principais participantes do mercado de ouro.

De acordo com o Conselho Mundial do Ouro, os bancos centrais aumentaram suas reservas em 634 toneladas ao longo do ano. Embora esse volume seja menor do que o registrado no mesmo período dos últimos três anos, ele ainda supera de forma significativa a média pré-2022. A entidade projeta compras anuais entre 750 e 900 toneladas.

A China permanece como o principal motor desse movimento, na tentativa de reduzir a dependência global dos mercados financeiros dominados pelos EUA. Polônia, Turquia e Cazaquistão também continuam ampliando suas reservas do metal precioso.

Quanto ao quadro técnico atual, o ouro precisa romper a resistência imediata em $4.296 para permitir um avanço em direção a $4.304, nível acima do qual o rompimento será consideravelmente mais difícil. O alvo de alta mais distante fica próximo de $4.372.

Se o ouro recuar, os ursos tentarão reassumir o controle em $4.186. Um rompimento abaixo desse nível representaria um golpe significativo para os touros e poderia empurrar o metal para a mínima de $4.124, com potencial de queda adicional até $4.062.