Até o final desta semana, o euro recuperou confiança e conseguiu reverter parte de suas perdas anteriores. Embora tenha mostrado uma tendência de alta e retomado o impulso altista, ainda não conseguiu destronar o dólar americano.
A recente recuperação do euro foi impulsionada pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) de reduzir as taxas de juros em um quarto de ponto percentual, em resposta à desaceleração da inflação na zona do euro e ao aumento das preocupações com uma possível recessão. Na quinta-feira, 12 de setembro, o BCE cortou a taxa de juros em 60 pontos-base, para 3,65%. Analistas destacam que este é o segundo corte de juros nos últimos três meses, após uma redução anterior de 25 pontos-base em junho, a primeira desde 2019. A taxa de depósito também foi reduzida em 25 pontos-base, para 3,5%, enquanto a taxa de empréstimo marginal caiu 60 pontos-base, para 3,9%.
Essa decisão ocorreu em meio a expectativas de que o Federal Reserve (Fed) também reduza os custos de empréstimos na próxima semana. Resta saber se essas expectativas se concretizarão. Os cortes nas taxas de juros do BCE estão estreitamente ligados à inflação na zona do euro, que desacelerou para 2,2% em agosto, a menor taxa em três anos, ante 2,6% em julho. A queda na produção industrial na Alemanha e na Itália levantou preocupações sobre uma possível desaceleração econômica na zona do euro, após um breve período de crescimento registrado no início de 2024.
Nos países da zona do euro, a inflação interna permanece elevada, à medida que os salários continuam a crescer em ritmo acelerado. No entanto, a pressão sobre os custos trabalhistas está diminuindo, com os lucros empresariais compensando parcialmente o impacto dos salários mais altos sobre a inflação, segundo o BCE. O último relatório do banco central misturou tanto declarações hawkish quanto dovish. Por um lado, o BCE afirmou que as condições de financiamento continuam apertadas e que a atividade econômica está fraca. Por outro lado, foi observado um ajuste nas previsões de inflação, que foram revisadas para cima, o que muitos especialistas consideram uma postura hawkish.
Os dados macroeconômicos recentes sobre a inflação na UE estão alinhados com as expectativas e confirmam as previsões anteriores do BCE. A expectativa é de que a inflação média na zona do euro seja de 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026. O Conselho de Governadores do BCE está comprometido em garantir que a inflação retorne à meta de 2% em tempo hábil. Para isso, o BCE planeja manter as taxas "suficientemente restritivas" pelo tempo necessário.
Nesse contexto, o par EUR/USD apresentou dinâmicas mistas, com momentos de estagnação seguidos de pequenas correções. Após o corte de juros do BCE, o par retomou sua trajetória de alta, resultando em ganhos significativos para o euro, que conseguiu recuperar parte de suas perdas frente ao dólar. Na sexta-feira, 13 de setembro, o par EUR/USD era negociado em torno de 1,1082, refletindo uma recuperação importante e mirando novos picos. A moeda única está se esforçando para manter a estabilidade conquistada após a decisão do BCE.
Em suas previsões trimestrais atualizadas, o BCE prevê um crescimento econômico regional de 0,8% em 2024, um pouco abaixo da previsão de 0,9% feita em junho. Além disso, o BCE revisou sua previsão de crescimento do PIB para 2025, reduzindo-a de 1,4% para 1,3%, justificando essa revisão principalmente por uma "demanda doméstica mais fraca nos próximos trimestres". A previsão de inflação para este ano é de 2,5%, e para 2024, de 2,2%.
Christine Lagarde, presidente do BCE, afirma que a zona do euro enfrenta um "cenário misto em relação à inflação", impulsionado pelo aumento dos salários, apesar da redução da pressão sobre os custos trabalhistas. Vale ressaltar que o histórico do BCE em prever o aumento da inflação é limitado. Segundo os analistas do ING: "Por isso, o regulador busca garantir a precisão de suas decisões antes de prosseguir com cortes de juros mais agressivos".
A recuperação econômica da Europa enfrenta agora obstáculos. Lagarde acredita que, nesse cenário, a economia deve ser beneficiada por um relaxamento das restrições da política monetária. Os salários, os lucros corporativos e a tensão comercial são, segundo ela, os principais fatores de risco para a alta da inflação. O BCE prevê que a inflação pode subir novamente no quarto trimestre de 2024, apesar dos dados baixos esperados para setembro.
De acordo com as estratégias cambiais do Morgan Stanley, a taxa de depósito será reduzida em 25 pontos-base por trimestre até o final de 2025. Nesse cenário, a taxa pode cair para 2,25% até o final do próximo ano. O banco acredita que isso pode enfraquecer o euro e fortalecer o dólar. A dinâmica do euro pode ser prejudicada pela pressão contínua sobre o par EUR/USD, o que pode resultar em sua paridade com o dólar.
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