As novas tarifas de 25% impostas pelo presidente Donald Trump sobre as importações do México e do Canadá entraram em vigor na terça-feira, juntamente com novas tarifas sobre produtos da China. As medidas exacerbaram as relações comerciais já tensas, levantando preocupações sobre a desaceleração do crescimento econômico e o aumento dos preços para os americanos que há muito tempo lutam contra a inflação alta.
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que o presidente Trump está considerando suavizar parcialmente as novas tarifas para aquelas empresas que seguem estritamente as regras do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Este acordo, que regula o comércio entre os Estados Unidos, Canadá e México, deve ser revisado em 2026, e a nova política tarifária pode ser uma carta importante nas negociações futuras.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, não escondeu sua indignação, classificando as novas tarifas como "mal pensadas e prejudiciais". Em resposta, Ottawa impôs tarifas espelho de 25% sobre C$ 30 bilhões (US$ 20,7 bilhões) em produtos americanos. As medidas retaliatórias incluem itens populares como suco de laranja, manteiga de amendoim, álcool, café, eletrodomésticos e até motocicletas.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também prometeu medidas retaliatórias, mas ainda não forneceu detalhes. Ela afirmou que anunciará a resposta do México no domingo, deixando espaço para manobras diplomáticas.
As declarações de Lutnick sobre possíveis concessões causaram um aumento temporário no dólar canadense e no peso mexicano, que haviam caído fortemente com a notícia das tarifas. No entanto, o efeito geral do ataque tarifário de Trump foi muito mais forte — os mercados de ações globais reagiram com uma forte onda de vendas, refletindo o medo dos investidores de uma escalada nos conflitos comerciais.
Pequim não demorou para responder. Em reação às ações de Washington, a China anunciou a imposição de novas tarifas de 10% a 15% sobre determinados produtos americanos a partir de 10 de março, além de restrições adicionais às exportações de várias empresas americanas. Além disso, a China apresentou uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC), o que pode desencadear mais uma rodada de disputas comerciais.
Tudo isso só agrava as tensões globais e empurra o mundo para uma guerra comercial em larga escala. Até onde os EUA e seus adversários estão dispostos a ir? A resposta a essa pergunta determinará o destino econômico dos próximos anos.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, deixou claro que Ottawa não tolerará as barreiras comerciais impostas por Washington. Se as novas tarifas americanas não forem suspensas dentro de 21 dias, o Canadá aplicará tarifas adicionais no valor de C$ 125 bilhões. Setores-chave da economia americana, incluindo a indústria automotiva, metalurgia, aviação, além das exportações de carne bovina e suína, poderão ser afetados.
Além disso, o Canadá planeja contestar as ações dos EUA em nível internacional — no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com base nas disposições do Acordo de Livre Comércio entre EUA, Canadá e México (USMCA).
O primeiro-ministro da maior província do Canadá, Ontário, Doug Ford, foi ainda mais longe. Ele cancelou um contrato de 100 milhões de dólares canadenses com a rede de satélites Starlink, de Elon Musk, e também impôs uma proibição de fechar contratos governamentais com empresas americanas.
Mas a principal alavanca de pressão pode ser a energia: se as tarifas dos EUA permanecerem em vigor, Ontário introduzirá uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para os EUA. Essa medida poderia aumentar significativamente o custo da eletricidade em vários estados dos EUA que dependem do fornecimento canadense.
Embora Donald Trump tenha prometido aos americanos uma redução no custo de vida, sua política comercial já levou a um aumento de preços. Os varejistas alertam que os consumidores em breve sentirão o impacto em seus bolsos.
O CEO da Target, Brian Cornell, disse à CNBC que, nos próximos dias, a rede começará a aumentar os preços de produtos sazonais, em particular, abacates fornecidos do México.
A Best Buy também expressou preocupação. Segundo sua CEO, Corey Barry, uma parte significativa dos eletrônicos no portfólio da empresa é fabricada na China e no México. Se a pressão tarifária continuar, o custo dos gadgets no mercado americano inevitavelmente aumentará.
O governo Trump anunciou uma tarifa de 20% sobre uma série de produtos de alta tecnologia provenientes da China que antes estavam isentos de sanções tarifárias. A lista inclui categorias-chave:
Essas medidas podem ter um grande impacto no mercado consumidor, já que a maioria dos eletrônicos do mundo é fabricada na China. Empresas como Apple, Dell e Microsoft podem ser forçadas a reduzir lucros ou repassar o aumento de custos para os clientes.
Uma tarifa adicional de 10% sobre as importações chinesas, que entrou em vigor na terça-feira, foi a mais recente rodada da confrontação econômica entre Washington e Pequim. As medidas complementaram uma tarifa semelhante de 10% imposta por Trump em 4 de fevereiro e se sobrepuseram às tarifas de 25% já existentes, introduzidas durante seu primeiro mandato como presidente.
Como resultado, as importações de diversos produtos chineses agora estão sujeitas a tarifas máximas, tornando-os significativamente mais caros para consumidores e empresas americanas.
Resposta da China: um golpe na agricultura americanaEssas medidas podem representar um sério desafio para os agricultores americanos, que já sofreram com guerras comerciais anteriores. Vale lembrar que, durante o primeiro mandato de Trump, os conflitos comerciais com a China custaram ao setor agrícola dos EUA cerca de US$ 27 bilhões em receitas perdidas. Uma parte significativa do mercado chinês foi então ocupada pelo Brasil, colocando os agricultores americanos em uma posição difícil.
Os EUA, o Canadá e o México têm economias estreitamente interligadas, com cadeias de suprimentos há muito tempo entrelaçadas. As novas tarifas sobre produtos mexicanos e canadenses podem não apenas atingir os exportadores, mas também desestabilizar o crescimento econômico de toda a região.
O Federal Reserve Bank de Atlanta já registrou uma revisão acentuada de suas previsões para o PIB dos EUA. De acordo com os dados mais recentes do GDPNow, em vez do crescimento esperado de 2,3% no primeiro trimestre, agora se prevê uma queda de 2,8%. Isso indica que a política tarifária poderia levar a uma recessão mais cedo do que o previsto.
Enquanto os mercados americanos e asiáticos estão abalados pelas disputas tarifárias, as bolsas europeias mostram sinais de recuperação. Após o seu pior dia em seis meses, o índice DAX da Alemanha subiu 2,6% na manhã de quarta-feira.
O avanço foi impulsionado pela decisão das autoridades alemãs de flexibilizar a chamada "freio da dívida" — um mecanismo que limita os gastos do governo. Essa medida poderia dar um impulso adicional à economia alemã, ajudando a evitar uma recessão.
Apesar dos sucessos locais na Europa, os mercados globais permanecem tensos. Uma nova fase da guerra comercial entre os Estados Unidos, a China, o Canadá e o México poderia desencadear uma crise econômica em larga escala, cujas consequências seriam sentidas em todo o mundo.
O índice pan-europeu STOXX 600 registrou uma alta consistente de 1,1% na quarta-feira, recuperando as perdas após seu pior dia desde agosto de 2024. O colapso ocorreu quando o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México, causando uma onda de preocupação entre os investidores. No entanto, o otimismo voltou graças às notícias da Alemanha, onde os políticos concordaram com medidas significativas para apoiar a economia.
As principais forças políticas da Alemanha concordaram em criar um fundo de infraestrutura no valor de €500 bilhões (equivalente a US$ 534 bilhões). Essa medida visa fortalecer o orçamento de defesa do país e estimular o crescimento econômico. Além disso, a Alemanha vai aliviar as restrições fiscais, o que dará ao governo mais margem para manobras orçamentárias e aumentará os gastos públicos.
A notícia fez com que o rendimento dos títulos alemães de 10 anos subisse 20 pontos-base, alcançando 2,680%, indicando expectativas crescentes de crescimento econômico e inflação.
Os planos de financiamento em larga escala para infraestrutura deram um forte impulso à indústria de construção da Alemanha. As maiores empresas do setor registraram um crescimento significativo:
A indústria de defesa também não ficou de fora. O aumento dos gastos militares ajudou a Rheinmetall (+1,3%) e a Renk (+5,5%) a fortalecerem suas posições.
O índice bancário europeu SX7E foi o que mais cresceu entre todos os setores, registrando uma alta de 4%. As expectativas de aumento dos gastos governamentais e a possível flexibilização da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) criam condições favoráveis para o crescimento das instituições financeiras.
Apesar da melhora geral no sentimento do mercado, a Adidas enfrentou uma reação negativa dos investidores. As ações da gigante de artigos esportivos caíram 3,3% após a empresa alertar que o crescimento das vendas deve desacelerar para 10% em 2025. Esse resultado ficou abaixo das expectativas dos analistas, levantando preocupações sobre os futuros resultados financeiros da empresa.
Embora as ações europeias tenham mostrado uma recuperação parcial, a incerteza em relação à guerra comercial dos EUA, às mudanças na política fiscal na Europa e às oscilações na demanda global continuam pressionando os mercados. Os fatores-chave nas próximas semanas serão as respostas dos EUA, Canadá e México ao conflito comercial crescente, bem como as próximas medidas dos governos europeus sobre os gastos públicos.
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