O índice de ações globais do MSCI caiu na sexta-feira, enquanto os rendimentos dos títulos subiram. Os investidores prenderam a respiração antes da reunião da próxima semana do Federal Reserve, onde são esperados sinais importantes sobre a trajetória futura das taxas de juros.
O rendimento da nota do Tesouro dos EUA de 10 anos atingiu a maior alta em três semanas, subindo pela quinta sessão consecutiva. Os participantes do mercado especulam que o Fed, liderado por Jerome Powell, pode interromper a flexibilização após um corte esperado de 25 pontos-base na taxa. Essa medida reflete a abordagem cautelosa do regulador diante da alta inflação.
Apesar dos esforços do banco central, a inflação dos EUA continua acima da meta de 2%. Os últimos dados divulgados na quinta-feira mostraram leituras de preços ao produtor mais altas do que o esperado para novembro. Entretanto, novos dados na sexta-feira mostraram preços de importação quase estáveis, ajudados por um dólar forte. No entanto, algumas categorias, como alimentos e combustíveis, continuaram a apresentar ganhos.
"O mercado está precificando um corte nas taxas na próxima semana, seguido de uma pausa. Isso parece razoável, dadas as contradições entre os dados de inflação e a situação do mercado de trabalho", disse Matt Rowe, chefe de gerenciamento de portfólio e estratégias de ativos da Nomura Capital Management.
As próximas decisões do Fed prometem ser um guia importante para os investidores, determinando a direção dos mercados financeiros nos próximos meses. A principal questão: o Fed conseguirá encontrar um equilíbrio entre o combate à inflação e a manutenção da estabilidade econômica?
Os mercados financeiros são quase unânimes em esperar que o Fed reduza sua taxa básica de juros na reunião de dezembro. No entanto, as perspectivas para 2025 permanecem moderadas. De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, os analistas esperam que a taxa seja cortada apenas duas vezes em 2025. Isso faz com que os participantes do mercado se perguntem como o órgão regulador pretende lidar com os desafios econômicos de longo prazo.
A situação econômica está ficando mais complicada: a inflação continua a demonstrar resistência, e novos estímulos fiscais, flexibilização regulatória e mudanças tarifárias estão no horizonte. De acordo com Tom Fitzpatrick, chefe de pesquisa de mercado global da R.J. O'Brien, essas circunstâncias criam um forte argumento para uma abordagem moderada por parte do Fed. "Com a inflação estável, novos cortes significativos nas taxas parecem difíceis de justificar", disse ele.
O mercado de chips mais uma vez nos lembrou de sua força. A recuperação das ações da Broadcom (ticker AVGO) foi o destaque da semana e ajudou o Nasdaq a encerrar o dia com um ligeiro ganho. Entretanto, o restante dos principais índices de Wall Street não conseguiu obter sucesso semelhante. Esse desequilíbrio destaca a dependência do mercado em relação a gigantes da tecnologia individuais.
A estabilidade da economia global continua em questão. As decisões do Fed nas próximas semanas e meses determinarão não apenas a dinâmica das taxas de juros, mas também a direção geral dos mercados. Para os investidores, este é um momento de maior atenção e análise: cada detalhe, desde as palavras de Jerome Powell até os dados de inflação, pode ser decisivo.
As negociações na sexta-feira fecharam mistas para os principais índices dos EUA. O Dow Jones Industrial Average caiu 86,06 pontos (0,20%) e parou em 43.828,06. O S&P 500 pouco se alterou, perdendo apenas 0,16 pontos simbólicos, enquanto o Nasdaq Composite acrescentou 23,88 pontos (0,12%) para fechar em 19.926,72.
Na semana, o S&P 500 caiu 0,64%, enquanto o Dow Jones perdeu notáveis 1,82%, destacando a pressão sobre os setores tradicionais da economia. Ao mesmo tempo, o Nasdaq apresentou um aumento de 0,34%, apoiado pela resiliência do setor de tecnologia.
O índice de ações globais MSCI caiu 2,27 pontos (0,26%) no dia, para 866,14, refletindo a queda geral no sentimento do mercado. O índice europeu STOXX 600 também encerrou a semana com uma pequena queda, de 0,53%. Isso marcou o fim de uma recuperação de três semanas causada pela esperança de uma recuperação econômica europeia. Mas os investidores agora estão concentrados na perspectiva incerta das taxas de juros europeias e nos temores de uma possível escalada das tensões comerciais.
O mercado de títulos do Tesouro dos EUA continua a sinalizar tensão. O rendimento da nota de 10 anos subiu 7,5 pontos-base, para 4,399%, estabelecendo uma nova alta local. A nota de 30 anos também subiu, mostrando um aumento no rendimento para 4,6052%.
O apetite dos investidores por títulos de curto prazo continua alto, com o rendimento da nota de 2 anos, a mais sensível às ações do Fed, subindo 5,9 pontos-base, para 4,245%. Isso ressalta as expectativas cautelosas em relação às próximas decisões sobre taxas, que dependerão diretamente dos dados econômicos.
Em meio a sinais contraditórios dos mercados, os investidores continuam buscando clareza sobre a política monetária. Os principais eventos da próxima semana, incluindo a reunião do Fed, podem dar mais certeza tanto para as ações quanto para os títulos, definindo o tom para o resto do ano.
O dólar americano encerrou a semana com seu maior ganho em um mês, ajudado pelas expectativas de um corte mais cauteloso nas taxas pelo Federal Reserve. Embora o índice do dólar tenha caído ligeiramente 0,02% na sexta-feira, encerrando em 106,94, a tendência geral da semana mostrou a força dominante da moeda americana.
O euro se recuperou ligeiramente, adicionando 0,32% e atingindo US$ 1,0501. Esse aumento é devido a uma recuperação parcial das perdas após a decisão do Banco Central Europeu de cortar as taxas ontem. Em contraste, a libra esterlina caiu 0,4%, para US$ 1,2619. Essa queda foi causada por uma contração inesperada na atividade econômica do Reino Unido, o que aumentou os temores sobre a desaceleração econômica do país.
O dólar subiu 0,66% em relação ao iene japonês, chegando a 153,62. Essa dinâmica foi observada durante toda a semana, com os investidores revisando suas expectativas sobre um possível aumento das taxas pelo Banco do Japão. A probabilidade de aperto da política monetária em Tóquio diminuiu significativamente, o que se refletiu no enfraquecimento do iene.
Os preços do petróleo atingiram uma alta de três semanas, continuando seu confiante movimento de alta. Os principais impulsionadores do crescimento foram as preocupações com um possível corte de fornecimento em meio a novas sanções contra a Rússia e o Irã, bem como as esperanças de aumento da demanda devido à política monetária mais frouxa nos Estados Unidos e na Europa.
O petróleo bruto WTI americano subiu 1,8% (US$ 1,27), parando em US$ 71,29 por barril. O petróleo Brent subiu 1,5% (US$ 1,08), chegando a US$ 76,21 por barril.
Em meio a um dólar mais forte e mudanças no mercado de títulos, o ouro apresentou um declínio significativo. O preço à vista caiu 1,2%, chegando a US$ 2.649,04 por onça. Esse declínio foi o resultado da crescente atratividade dos ativos em dólar em meio às mudanças econômicas globais.
Os mercados de câmbio e de commodities encerraram a semana sob a influência de fatores mistos: expectativas de decisões monetárias, política de sanções e dados econômicos de diferentes regiões. Na próxima semana, eventos importantes, incluindo a reunião do Banco do Japão e novos dados de inflação, definirão o tom para o futuro. Os investidores continuarão a observar atentamente cada sinal para avaliar as perspectivas da economia global.
A Reserva Federal dos EUA deve flexibilizar novamente a política monetária, cortando sua taxa básica em 25 pontos-base. Se as previsões forem confirmadas, esse será o terceiro corte consecutivo, indicando o desejo do regulador de manter a estabilidade econômica. A medida era esperada após a divulgação dos últimos dados do índice de preços ao consumidor, que estavam em linha com as previsões dos economistas.
Os investidores estão revisando suas expectativas quanto ao ritmo dos futuros cortes nas taxas. De acordo com as expectativas do mercado, as taxas poderiam cair para 3,7% até o final de 2025. Isso ainda é significativamente mais alto do que a previsão de setembro, quando as expectativas eram 90 pontos-base mais baixas. A revisão ressalta a crescente cautela dos participantes do mercado.
O Presidente do Fed, Jerome Powell, deu a entender que é cada vez mais provável uma desaceleração no ritmo de cortes nas taxas, observando que os dados econômicos atuais parecem significativamente mais fortes do que o esperado há apenas alguns meses. O comentário aumenta a intriga antes de seu discurso na quarta-feira, quando os mercados estão aguardando mais clareza sobre a política monetária futura.
Os analistas ressaltam que é extremamente raro o Fed ir contra o consenso predominante no mercado. É provável que o regulador leve em consideração o forte sentimento do mercado em relação aos cortes nas taxas. Entretanto, a ação final dependerá de uma combinação de dados de inflação, indicadores do mercado de trabalho e da situação econômica global.
As expectativas sobre a política do Banco do Japão têm oscilado no mercado nas últimas duas semanas. A indecisão do regulador causou alta volatilidade nos mercados de moedas, prendendo os traders em uma espécie de "nó". Os investidores estão aguardando sinais concretos sobre a disposição do banco em reconsiderar sua política monetária ultra suave.
Contra o pano de fundo da volatilidade americana, o DAX alemão continua a apresentar resultados fenomenais. Desde o início do ano, ele cresceu 22%, estabelecendo consistentemente novos recordes. Esse sucesso destaca a confiança dos investidores na recuperação da maior economia da Europa e a capacidade das empresas alemãs de enfrentar os desafios do mercado global.
Os mercados estão em uma encruzilhada: das palavras de Jerome Powell às ações do Banco do Japão e à dinâmica econômica geral do mundo, muito depende das decisões futuras dos bancos centrais. A próxima semana promete ser agitada, o que pode definir a direção dos mercados até o final do ano.
As ações das empresas alemãs de defesa, tecnologia e construção mostraram um crescimento confiante, compensando a fraqueza do setor automotivo, que há muito tempo é o motor da economia alemã. Entretanto, o crescimento geral parece lento, refletindo a desaceleração da economia e a instabilidade política.
Um voto de desconfiança no governo ocorreu na Alemanha em 16 de dezembro, abrindo caminho para uma possível eleição antecipada em fevereiro. Esses acontecimentos estão aumentando a incerteza para empresas e investidores, acrescentando novos desafios a um país que já está enfrentando uma desaceleração do crescimento.
Um estudo da Goldman Sachs mostra que apenas 18% das receitas das empresas do DAX são provenientes de seu mercado doméstico na Alemanha. Em comparação, esse número chega a 33% para as empresas de média capitalização do MDAX. Isso explica, em parte, o declínio anual de 1,1% do MDAX, enquanto o DAX continua a manter um impulso positivo.
Os números do terceiro trimestre mostram um declínio anual de 5,4% nos lucros das empresas na Alemanha. Ao mesmo tempo, o índice STOXX europeu apresentou um crescimento de 8,2% nos lucros. Essa divergência destaca os desafios para as empresas alemãs em face da fraca demanda doméstica e da concorrência internacional.
À luz do atual ambiente político e econômico, os analistas sugerem que as ações alemãs podem começar a refletir mais de perto as realidades do mercado, o que poderia reduzir seu apelo para os investidores globais.
Os traders esperam que o Banco da Inglaterra mantenha sua taxa básica de juros em 4,75% na reunião de quinta-feira. Isso é apenas 50 pontos-base abaixo de seu pico de 16 anos. O mercado também está se inclinando para a opinião de que é improvável que o regulador faça um terceiro corte na taxa antes de fevereiro, continuando a agir com extrema cautela.
A decisão do governo trabalhista de aumentar os impostos para os empregadores no orçamento de outubro provocou críticas das grandes empresas, que alertaram sobre um provável aumento nos preços, aumentando os temores de inflação. Em meio a essas tensões, a libra esterlina atingiu uma alta de dois anos e meio em relação ao euro. O principal fator que impulsionou a força da moeda britânica foi a diferença entre suas abordagens em relação à política monetária, com o Banco da Inglaterra agindo de forma mais cautelosa do que o Banco Central Europeu, que tem flexibilizado sua política muito mais rapidamente.
Apesar da divergência nas ações dos bancos centrais, o mercado de títulos está mostrando uma dinâmica diferente. O rendimento dos títulos do governo britânico de dois anos, intimamente ligado às expectativas de taxas, caiu para 4,38%, de mais de 4,5% há um mês, indicando que os investidores não têm certeza sobre a sustentabilidade do curso atual do Banco da Inglaterra.
Os setores de serviços, que há muito tempo demonstram resiliência mesmo em meio à fraca atividade industrial, começaram a perder terreno. Essa foi a principal conclusão dos PMIs de novembro, que medem a saúde geral da economia.
Na zona do euro, o PMI composto de novembro caiu para 48,3, ante 50,0 em outubro. Uma leitura abaixo de 50 indica contração na atividade econômica. No Reino Unido, o PMI geral caiu para 50,9, a leitura mais fraca em um ano. Embora a leitura permaneça acima do limite que separa o crescimento da contração, a tendência aponta para uma piora das condições. Mesmo nos EUA, há muito tempo o motor do crescimento global, a atividade no setor de serviços desacelerou.
Os dados do PMI de dezembro, que serão divulgados na próxima semana, devem esclarecer a situação atual. Ficará claro se a economia global continua a se desacelerar ou se os sinais de novembro foram temporários.
Em meio às tensões fiscais, às expectativas de inflação e à piora dos dados dos principais setores, os investidores e analistas estarão monitorando de perto a reação dos bancos centrais e o desenvolvimento da dinâmica econômica global.
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